terça-feira, julho 20, 2010

Untitled

- Você está estranho... Tem algo te incomodando?
- Preciso conversar com você.
- Sobre?
- A gente.
- Ih, lá vem... O que eu fiz?
- Não fez...
- O que foi então?
- Eu acho que eu não consigo acompanhar o que você sente por mim.
- De novo esse assunto? Eu já disse que gosto de ficar com você, mas eu não estou apaixonada!
- Pode não estar apaixonada, mas com certeza você gosta muito mais de mim do que eu gosto de você, e isso é o primeiro passo para isso...
- Isso é...
- Não quero que você me entenda do jeito errado ou pense que eu sou o cara mais escroto do mundo, eu tentei gostar de você do jeito que você gosta de mim. Eu queria gostar, mas nesse ritmo a unica pessoa que vai se machucar é você!

Nisso, ela já tinha abaixado a cabeça e eu acho que ela está chorando.

- Eu tenho medo de te magoar, de não corresponder, de milhares de coisas. E, no fundo, quem vai se machucar mais com isso é você! Acho que a gente não deveria mais brincar com isso...

Então eu percebo, claramente, que ela está chorando. Não é um choro desesperado, é um choro que eu não consigo descrever. Ela está em silêncio, enquanto as lágrimas escorrem pelo rosto dela. Eu fico quieto, não digo nada. Não sei o que dizer. Meu unico pensamento era 'Ferrei com tudo. De novo'.

O silêncio estava me atormentando tanto que eu resolvi levantar. Apesar de não ter a mínima intenção de ir embora e largá-la ali, sozinha, ela segurou meu braço indicando que não queria que eu fosse. Eu paro e a encaro. Ela me encara de volta, se levanta e me abraça.

Apesar de tê-la abraçado inúmeras vezes, esse foi um abraço diferente. Não consigo descrevê-lo, tampouco expressá-lo. Não importa. Ficamos abraçados por alguns minutos. Ela, ainda chorando, e eu, ainda confuso. Não sabia mais se fiz a coisa certa ou se tinha estragado tudo.

Enquanto milhares de pensamentos passavam pela minha cabeça, eis que ela segura minhas mãos.

- Obrigada.
- Como?
- Obrigada por isso...
- Não entendi...
- Você foi diferente comigo, você foi sincero. Eu entendo o que você está fazendo.
- Mas...
- Como você mesmo já disse, não é a primeira vez que eu passo por isso. Mesmo assim, eu tenho que assumir uma coisa.
- O quê?
- Eu estava gostando de você, sim. Você não estava enganado.
- Mas eu...
- Não importa. Valeu mesmo por tentar. Você foi melhor comigo do que muitos caras que eu já conheci. Só preciso de um tempo pra mim...
- Quanto tempo?
- Você vai saber. Até lá, não quero falar com você sem necessidade... Tudo bem?
- Tudo bem...

Então ela me solta, pega sua bolsa e vai embora, sem me dizer nem 'até logo'. Eu a respeito, porém fico com a sensação de que eu estraguei as coisas. De novo.

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